No dia 7 de abril, Dia do Jornalista, as atividades da II Semana de Jornalismo começam com a presença de Luciano Almeida Filho e Miguel Macedo, ambos graduados pela UFC. Os convidados discutem o tema Crítica cultural x Agenda Cultural. A mesa redonda abre a noite em que o escritor Sérgio Vilas-Boas palestra sobre Jornalismo Literário.

“Essa discussão [sobre Jornalismo Cultural] facilita a abertura de uma maior perspectiva, de uma visão mais crítica para os futuros profissionais de jornalismo”, comenta Ronaldo Salgado, mediador da mesa redonda e professor de Comunicação Social da UFC.

Ronaldo considera fundamental pensar as práticas do Jornalismo Cultural no espaço acadêmico, alertando para a problemática deste segmento editorial. “Os jornais optam, em sua grande maioria, por seguir a lógica de cobertura da indústria cultural, relegando a um campo secundário a produção cultural no sentido mais específico do termo, cultura como uma condição fundamental para a vida em sociedade”, atesta o professor.

Os debatedores acrescentam à discussão a experiência profissional nos grandes jornais fortalezenses. Miguel Macedo assumiu, entre outras, as funções de repórter da Editoria de Cidade e editor do Segundo Caderno (atual Vida & Arte) no jornal O Povo, chefe de reportagem no Diário do Nordeste e diretor de jornalismo na TV Ceará. Atualmente é professor de Jornalismo na Faculdade 7 de Setembro (Fa7) e assessor de comunicação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Luciano Almeida Filho atuou no Diário do Nordeste como repórter e crítico de música, e como assessor de imprensa da Câmara Municipal de Fortaleza e da produtora Arte Produções. Hoje é editor adjunto do Núcleo de Cultura e Entretenimento do jornal O Povo, onde primeiramente assumiu o cargo de subeditor do caderno Vida & Arte.

Serviço

Mesa redonda: Crítica Cultural x Agenda Cultural, com Luciano Almeida Filho e Miguel Macedo.

Mediação: Ronaldo Salgado

Dia: 07/04

Horário: 18h

Local: Auditório Rachel de Queiroz  |  CH2 – Campus do Benfica



O PETCom informa que as inscrições para a II Semana de Jornalismo estão encerradas. Durante os dias do evento, os inscritos deverão assinar a lista de presença para ter direito a certificado. Aconselhamos que os participantes cheguem com antecedência para garantir um bom lugar no Auditório Rachel de Queiroz.



Para encerrar a II Semana de Jornalismo da UFC, o jornalista e professor Sérgio Vilas-Boas fará uma palestra sobre Jornalismo literário e mercado (veja programação aqui). Pensando nisso, Plínio Bortolotti, diretor institucional do Grupo de Comunicação O Povo e um dos debatedores da mesa redonda Jornalismo político: os bastidores do poder na cobertura jornalística, no primeiro dia do evento, mandou uma dica de livro aos amantes do chamado jornalismo narrativo.

A obra “Jornalismo e literatura – a sedução da palavra”, de Gustavo de Castro e Alex Galeno (organizadores), traz  o conto O repórter de três cabeças, de José Castello, um dos mais interessantes sobre os dilemas vividos pelo jornalista no seu dia a dia. Agradecemos a dica e compartilhamos o conto abaixo.

O repórter de três cabeças
José Castello

Tenho 20 anos e acabo de me tornar repórter policial. O chefe da redação, Sr. Azevedo, me convoca para minha primeira reportagem.  Numa favela carioca, moradores ateiam fogo a um homem, acusado de matar a pauladas o filho adolescente. O assassino, com os braços e tórax derretidos pelo fogo, ocupa um leito de hospital público, mas não corre risco de vida. Na favela, o coração destruído, sua mulher vela o filho morto.

Vou primeiro ao morro. É um crime pequeno, um episódio na vida de gente comum. No barraco, encontro apenas um velho Fotógrafo de A Notícia que – com a frieza de um açougueiro experiente – escolhe as imagens mais repugnantes.

“Meu marido é um cachorro”, a mulher grita. “Um bicho!”. Olho o corpo do rapaz, lustroso como um boneco de cera, a cabeça enrolada em bandagens imundas, o rosto borrado por placas roxas. “Ele matou meu filho por nada”, a mulher continua. “Matou como se fosse um rato”.

Encho-me de ódio. Ao chegar ao hospital para ouvir o assassino, pois as normas do jornalismo exigem sempre os dois lados das histórias, trago o espírito arreganhado. Largado em uma enfermaria obscura, o homem parece uma sombra de homem. Uma nódoa na paisagem.

“Por que o sr. fez isso?”, pergunto, mal conseguindo encará-lo. O homem tem os olhos parados, como pérolas sujas esquecidas no fundo de uma gaveta, e não pára de tremer. Insisto: “Por que?”. Ele me olha e diz: “Ele me odiava porque eu sou só um lixeiro.”

Ergo a voz e, em tom de reprimenda, digo que isso não é motivo suficiente para matar. O homem suspira. Depois diz: “Ele roubava meu dinheiro e, enquanto eu carregava lixo, ia para a cama com minha mulher.” Julgo ouvir um ruído vago, mas tenebroso, como se o teto da enfermaria começasse a desabar sobre mim. Não consigo dizer mais nada. Saio.

Na redação, o Sr. Azevedo ordena: “Quero uma história violenta, que tenha início, meio e fim, pois precisamos de manchetes”.

Sento-me para escrever. O esquema clássico do noticiário policial me pede uma narrativa reta, em que haja uma vítima, um assassino monstruoso e uma viúva infeliz. Começo a escrever, mas não posso avançar. Sinto-me tonto. Vou ao banheiro e vomito.

De volta, escrevo uma primeira versão, a mais neutra que posso imaginar, em que os vários pontos de vista se entrecruzam. Ofereço-a ao Sr. Azevedo, Ele lê e diz: “O que é isso, um boletim de ocorrência? Quero uma história coerente, e não um relatório”.

Volto para a máquina e escrevo, agora, três versões da reportagem. Ajo como um repórter que tivesse três cabeças. Na primeira, o homem é um cão danado que mata a pauladas um filho ingênuo e infeliz. Na segunda, é um homem fraco que enlouquece, manipulado pelo filho pervertido e pela mulher incestuosa. Tento uma terceira versão em que pai e filho são inocentes, fantoches nas mãos de uma megera.

As três narrativas não cabem em uma história só e, no entanto, seria assim, na conjunção contraditória das três, que eu estaria mais próximo da verdade. Mas, eu descubro, ela é o que menos importa a meu chefe.

O Sr. Azevedo, com ar agastado, vem me cobrar a reportagem. “Nossa hora estourou”, grita. Fecho os olhos, misturo as três páginas datilografadas, sorteio uma delas e, sem ver o resultado, entrego-a. O Sr. Azevedo lê e diz: “Agora sim a história faz sentido”.

Tomo o ônibus para casa. Levo no bolso as duas versões desprezadas. Amasso-as e jogo pela janela. Deixo que o vento do Aterro do Flamengo bata com força em meu rosto, castigando-me. Tento respirar, ainda sem sucesso, pois é como se uma rolha de decepção me trancasse o peito.

Não tenho coragem no ler o jornal no dia seguinte. Até hoje não sei qual de minhas três versões foi publicada.

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Publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo (5/8/1997), incluído no texto “Jornalismo, literatura e representação”, de Nanami Sato, no livro “Jornalismo e literatura – a sedução da palavra”, de Gustavo de Castro e Alex Galeno (organizadores). São Paulo, Escrituras, 2002.



As inscrições para a II Semana de Jornalismo continuam. Até o momento, mais de cem estudantes já se inscreveram. Os interessados em participar do evento podem se inscrever aqui . A II Semana de Jornalismo acontecerá no auditório Rachel de Queiroz, no Centro de Humanidades II. As vagas são limitadas. Terá direito a certificado quem comparecer a pelo menos três das cinco noites de evento.Mais informações na seção Inscrições.

 



As inscrições para a II Semana de Jornalismo, que ocorrerá do dia 4 ao dia 8 de abril,  já estão disponíveis aqui no site. A inscrição é gratuita e dá direito a certificado para quem participar de, no mínimo, 3 dias do evento. Podem participar da semana alunos da Universidade Federal do Ceará e de outras instituições. As vagas são limitadas.

Clique aqui para fazer sua inscrição.



A temática proposta pela II Semana de Jornalismo em 5 dias de programação visa lançar um novo olhar sobre a tendência à especificação de conteúdos separados em editorias. O Jornalismo Especializado surge como uma necessidade de situar o leitor de acordo com seus interesses  dentro de um universo de múltiplas fontes. Esta segmentação atende às exigências do mercado, que deixa de lado abordagens generalizadas para atingir os diferenciados grupos consumidores de informação.

A especialização dos conteúdos permite tecer uma análise mais elaborada dos objetos, identificar o perfil de cada público e lidar com os desafios encontrados nas diversas áreas. Para isso, é imprescindível que o profissional de comunicação possua muito conhecimento sobre o assunto ao qual irá se dedicar. Numa era de novas mídias e tecnologias, não importam apenas os meios que o jornalista deve dominar, a bagagem será o diferencial para quem pretende se adaptar ao novo cenário informativo.

A II Semana de Jornalismo fará discussões sobre as práticas atuais do Jornalismo Especializado e o que pode ser melhorado. Profissionais e acadêmicos de Comunicação Social debaterão sobre Jornalismo Político,  Esportivo, Econômico, Cultural e Literário através de palestras e mesas redondas.

Confira a programação completa aqui.

 



A AD2M – Engenharia de Comunicação contribuirá com o PETCom na realização da II Semana de Jornalismo, que acontecerá dos dias 4 a 8 de abril no Auditório Rachel de Queiroz (CH2). No mercado há 15 anos, a empresa reúne mais de 50 profissionais e oferece Comunicação Corporativa baseada em relações com públicos estratégicos para o desenvolvimento de empresas, governos, entidades de classe e do terceiro setor. Excelência e inovação fazem parte da filosofia dos profissionais das áreas de jornalismo, relações públicas, publicidade, design, entre outras.

A AD2M atende clientes importantes como UNICEF, Prefeitura de Fortaleza, Governo do Estado do Ceará, Coelce e AmBev.

Mais informações sobre a empresa aqui.



A II Semana de Jornalismo da UFC, que aconteceria de 4 a 7 de abril (este, por sinal, dia do Jornalista), será estendida até o dia 8, sexta-feira. O motivo da mudança é o lançamento do premiado livro reportagem Histórias do Beco, de Mayara Araújo, jornalista formada pela Universidade em 2009.

Além do coquetel de lançamento, que será realizado no Museu de Arte da UFC a partir das 19h, o evento terá a exposição das 30 ilustrações que compoem o livro e também contam com a assinatura de Mayara.

Produto do Trabalho de Conclusão de Curso da então estudante de jornalismo, o livro reportagem teve a orientação do professor Agostinho Gósson, mediador da mesa redonda sobre Jornalismo Econômico durante a Semana.  Após um trabalho de oito meses e cerca de 120 horas de pesquisa de campo, Histórias do Beco traz as impressões da autora sobre o espaço e conta um pouco da trajetória de um dos pontos comerciais mais conhecidos da cidade.

A data do lançamento não foi escolhida à toa. No próximo dia 10 de abril, a transferência do Beco da Poeira completa um ano. “Quis aproveitar a efeméride e, sobretudo, somar à Semana de Jornalismo um exemplo de produção nascida na Universidade, no seio do nosso departamento”, afirma Mayara.

Para ela, a experiência de lançar o primeiro livro é única.  ”É uma emoção sem precedentes. É o meu primeiro filho e se trata de algo que quero fazer para a vida toda. É o primeiro de muitos”, celebra.

A programação  já anunciada não sofrerá alterações, apenas será acrescida desse momento de prestígio de um dos frutos do curso de Jornalismo da UFC. É a Semana de Jornalismo juntando o útil ao agradável, a discussão à prática.

Prêmios

A obra venceu a categoria Livro Reportagem do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, ocorrido na cidade de Caxias do Sul (RS) em setembro do ano passado. Antes, foi premiado na mesma categoria da etapa regional do evento, desta vez em Campina Grande no mês de junho de 2010. Ambos os eventos foram realizados pela  Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom.

O livro também foi contemplado pelo edital Prêmio Literário de Autores Cearenses – Guilherme Studart, de Ensaio Cultural, da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) — o que possibilitou a publicação.

Serviço

Lançamento do livro Histórias do Beco, de Mayara Araújo

Dia: 08/04

Horário: 19h

Local: Museu de Arte da UFC (Mauc) | Av. da Universidade, 2854, Fortaleza



 

A II Semana de Jornalismo já está com programação definida. Ontem à noite, foi confirmado o último nome para participar do evento: o jornalista Jocélio Leal, apresentador do programa Coluna Vertical S/A na TV O POVO. Ele deverá integrar a mesa redonda do dia 6 de abril que tem o tema “Jornalismo econômico: os desafios de informar”.

Os integrantes do Programa de Educação Tutorial de Comunicação Social (PETCom), organizadores do evento, tiveram a programação definitiva após semanas de conversas com possíveis convidados. Recentemente, foram também fechadas as presenças de Plínio Bortolotti, atual diretor institucional do grupo de comunicação O POVO,e de Fabio Pizzato, que hoje trabalha na TV Jangadeiro.

Saiba mais sobre a programação aqui



Nove profissionais convidados para a II Semana de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará confirmaram participação no evento, que acontecerá entre os dias 4 a 7 de abril, no Auditório Rachel de Queiroz (CH2).

Nilson Lage dará início às atividades da Semana com a palestra Por que especializar? Mercado de jornalismo especializado e participará da primeira mesa redonda ao lado de Plínio Bortolotti. O tema em discussão será Jornalismo Político: os bastidores do poder na cobertura jornalística, com mediação do professor Jamil Marques.

A terça-feira, 5, será dedicada ao Jornalismo Esportivo. O professor Nonato Lima mediará a mesa redonda Cobertura de grandes eventos esportivos: o que pensar até a Copa do Mundo de 2014? com os convidados Rafael Luis e Fábio Pizzato.

Regina Carvalho e Jocélio Leal participarão da mesa redonda da quarta-feira, que tratará do tema Jornalismo Econômico: os desafios de informar, sob mediação do professor Agostinho Gósson. 

Na quinta-feira, a última mesa redonda contará com os convidados Luciano Almeida Filho e Miguel Macedo no debate sobre Jornalismo Cultural: Crítica cultural x agenda cultural, com mediação do profº Ronaldo Salgado. A Semana encerrará com a palestra Jornalismo Literário e Mercado, com o escritor e professor Sérgio Vilas-Boas.




II Semana de Jornalismo

Realizado pelo Programa de Educação Tutorial do Curso de Comunicação Social da UFC, a II Semana de Jornalismo acontece entre os dias 04 e 07 de abril no Auditório Rachel de Queiroz (CH2), discutindo o tema "Jornalismo Especializado".




Imagens da II Semana de Jornalismo:





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